A valorização da juventude é uma herança evolutiva?

Inspirado no filme A Substância

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A valorização da juventude é uma herança evolutiva?

Inspirado no filme A Substância

No filme A Substância, Elisabeth é uma celebridade em declínio que tem sua vida virada de cabeça para baixo ao ser demitida de seu programa fitness na TV por causa de sua idade. Então, ela decide usar uma droga clandestina que replica suas células, criando uma versão mais jovem e aprimorada dela mesma. Agora, ela precisa lidar com a convivência entre suas duas versões enquanto enfrenta desafios da fama e identidade.

Por que a juventude, especialmente feminina, é tão valorizada? A valorização da juventude feminina tem raízes biológicas e evolutivas, como a associação com fertilidade e saúde, e é reforçada por fatores culturais e sociais, como padrões de beleza e objetificação. Historicamente, a juventude foi ligada a papéis reprodutivos e status, mas a evolução também favoreceu a longevidade feminina.

A sociedade valoriza tanto a juventude que, ao envelhecer, mulheres são despojadas de poder, de autoestima e de oportunidades. Isso reforça uma mentalidade que coloca a mulher em posição de subordinação, à medida que seu valor parece estar atrelado à capacidade de gerar filhos e de manter a aparência jovem e atraente.

Ainda, traços juvenis são vistos como sinais de saúde e vitalidade, aumentando as chances de atração e seleção de parceiros. A maternidade, associada à juventude e fertilidade, é idealizada como um grande símbolo de valor e identidade. Mas, ao envelhecer, esse estigma se transforma em invisibilidade e desvalorização.

Esse deslocamento na preferência masculina por mulheres mais jovens tem raízes profundas na evolução e na biologia reprodutiva. A menopausa, fenômeno relativamente raro entre os mamíferos, marca o fim da capacidade reprodutiva das fêmeas humanas, o que significa que qualquer investimento masculino em acasalamento com uma parceira “velha” não resultaria em bons descendentes. Isso teria levado, ao longo do tempo, a uma preferência masculina por mulheres mais jovens e férteis.

A ideia central é que, na velhice, é mais adaptativo para uma mulher cuidar dos netos do que ter filhos. Isso traz benefícios tanto para sua própria sobrevivência quanto para o sucesso reprodutivo de seus descendentes, e aumenta as chances de as mulheres deixarem uma herança genética duradoura. Além disso, como as mulheres vivem mais que os homens, são elas que melhor guardam a experiência e a memória de importância social e cultural, que favorecem a sobrevivência de todo o seu grupo.

Isto também ocorre em outras espécies sociais com fêmeas longevas. Em orcas, durante períodos de escassez extrema de alimento, é geralmente a matriarca idosa e menopáusica que lidera o grupo até fontes de comida, aumentando as chances de sobrevivência da família e, consequentemente, a propagação de seus genes.