O patagorrinco

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O patagorrinco

Durante anos, ornitorrincos e outros mamíferos atuais que botam ovos, os monotremados, eram conhecidos apenas na Oceania. No entanto, novas descobertas da paleontologia desafiam esta visão. A descoberta do fóssil Patagorhynchus pascuali, o ornitorrinco da Patagônia, encontrado na Argentina, mostra que eles também existiram na América do Sul há 70 milhões de anos.

Fósseis conhecidos anteriormente mostram que os monotremados surgiram na Austrália e ilhas próximas, onde vivem as cinco espécies atuais. Já a descoberta do patagorrinco, na Patagônia argentina, mostra a ocorrência de uma migração posterior para a América do Sul.

Foram encontrados apenas um dente molar e uma parte da mandíbula do patagorrinco. Apesar do registro escasso, a comparação com os grupos modernos nos oferece pistas sobre sua aparência e hábitos. Provavelmente possuíam focinho alongado, pelagem densa, adaptada em regular a temperatura, e tinham hábitos semi-aquáticos, com membros adaptados para natação e escavação, e botava ovos.

O patagorrinco viveu há cerca de 70 milhões de anos, durante o período Cretáceo. Conviveu com dinossauros, tartarugas, cobras, aves e outros mamíferos, que também foram encontrados na Formação Chorrillo. Nesta formação também foram encontrados fósseis de ninfeias, um tipo de planta aquática, sugerindo a ocorrência de lagos, e de caracóis aquáticos e larvas de insetos, dos quais provavelmente se alimentava.

O patagorrinco foi encontrado em La Anita, no sul da província de Santa Cruz, na Argentina. Mas como os ornitorrincos podem ter evoluído em locais tão distantes como a Austrália e a América do Sul? Na época, a América do Sul e a Austrália ainda estavam muito próximas ou ligadas à Antártica, possibilitando a passagem entre os continentes. Além disso, o clima variava do temperado ao frio e abrigava florestas exuberantes em ambientes úmidos.