O que os papas pensam sobre a teoria da evolução?
Inspirado no filme Conclave
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O que os papas pensam sobre a teoria da evolução?
Inspirado no filme Conclave.
O filme Conclave mostra os bastidores do Vaticano, quando o cardeal Lawrence deve conduzir a seleção do novo papa. Logo, ele se vê em uma secreta rede de intrigas. A teoria da evolução fornece explicações científicas sobre nossas próprias origens e de todos os seres vivos, tema para o qual também existem diversas visões religiosas. Como líderes de uma das grandes instituições religiosas do mundo, o que os papas pensam sobre a evolução?
Apesar do aparente conflito, pode até parecer surpreendente que o Vaticano simplesmente não se manifestou sobre o tema por muito tempo. É notável também que apesar de o Vaticano ter mantido uma infame lista de livros proibidos até 1966, o Index, A Origem das Espécies (1859), de Charles Darwin, nunca esteve na lista.
Só em 1950, o Papa Pio XII foi o primeiro a abordar a questão. Na encíclica Humani Generis, ele afirmou: “A Igreja não proíbe que pesquisas e discussões (...) ocorram sobre a doutrina da evolução, na medida em que ela indaga sobre a origem do corpo humano como vindo de matéria preexistente e viva”. “A questão (...) é um tema legítimo de pesquisa das ciências naturais. Os católicos são livres para formarem suas próprias opiniões.”
O Papa João Paulo II acrescentou: “algumas novas descobertas nos levam ao reconhecimento da evolução como mais do que uma hipótese. De fato, é notável que essa teoria tenha tido influência progressivamente maior no espírito dos pesquisadores, após uma série de descobertas em diferentes disciplinas acadêmicas. A convergência nos resultados desses estudos independentes (...) constitui em si um argumento significativo a favor da teoria.”
O Papa Bento XVI mencionou “relatos científicos amplamente aceitos” sobre a origem da vida microscópica há 3,5-4 bilhões de anos e que “foi demonstrado que todos os organismos vivos na Terra são geneticamente relacionados, sendo virtualmente certo que todos os organismos vivos descendem deste primeiro organismo. Evidências convergentes de muitos estudos nas ciências físicas e biológicas fornecem suporte crescente para alguma teoria da evolução explicar o desenvolvimento e a diversificação da vida na Terra.”
O Papa Francisco também seguiu a tradição já consolidada por seus antecessores e buscou uma postura conciliadora entre a ciência e sua religião. Ele afirmou que “a evolução na natureza não é inconsistente com a Criação”, alertando contra a visão de “Deus [sendo] um mágico com uma varinha mágica capaz de fazer tudo.”
Portanto, ainda que sem deixar de defender suas próprias teses, o conflito nunca foi a postura predominante para os líderes da Igreja, os papas, que por muito tempo adotaram apenas o silêncio, e quando abordaram o tema, escolheram uma posição conciliadora, jamais impondo a seus fiéis qualquer problema de consciência ao aceitar a teoria.