Por que seu avô era careca e você será também
A evolução e a genética da calvície
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Clube explica: por que seu avô era careca e você será também
A calvície padrão, conhecida cientificamente como alopecia androgenética, não é simplesmente uma queda de cabelo, mas também um processo complexo de miniaturização dos fios capilares. Ao contrário do que muitos pensam, os cabelos não desaparecem completamente, mas se tornam progressivamente finos e curtos até ficarem pequenos, num processo semelhante ao que ocorre com os pelos de um recém-nascido.
O que caracteriza essencialmente a calvície é a ação do hormônio DHT sobre os folículos capilares geneticamente sensíveis. Esse hormônio, derivado da testosterona, vai aos poucos reduzindo o tamanho dos folículos, encurtando a fase de crescimento dos fios e prolongando sua fase de repouso. O resultado é que cada novo ciclo capilar produz fios mais finos e frágeis, num processo que pode levar anos até se tornar visivelmente aparente.
Embora a calvície afete mais os homens, há uma grande influência dos genes do lado materno da família. Mas antes de culpar sua mãe, saiba que a situação é bem mais complexa. Já foram identificados 287 genes envolvidos no processo de perda de cabelo. Pelo menos 40 dos genes identificados estão relacionados ao cromossomo X, aquele herdado da mãe, enquanto os demais estão espalhados pelo genoma.
A herança genética é um fator significativo, embora a expressão da calvície possa variar entre indivíduos, mesmo dentro da mesma família, devido ao grande número de genes envolvidos e fatores não-genéticos.
A calvície padrão masculino, embora mais comum em humanos, não é exclusiva da nossa espécie. O que ocorre é que nos humanos esse processo é frequente e marcante devido à nossa sensibilidade genética ao hormônio DHT. Em outros animais, casos verdadeiramente equivalentes são raros, mas existem. Alguns primatas, como o macaco-de-cauda-curta, desenvolvem um padrão de calvície semelhante ao humano na velhice, com perda de pelos em áreas específicas. A medida que envelhece, esse macaco perde cabelo e se torna parcialmente calvo, começando na testa e avançando ao meio da cabeça. Este processo é semelhante ao de perda de cabelo que ocorre em machos para humanos, mas o processo experimentado por este macaco ocorre em machos e fêmeas.
Embora aparentemente indesejável, a calvície pode ter oferecido algumas vantagens evolutivas que explicam sua persistência. Apesar de a perda de cabelo reduzir a proteção contra radiação solar e afetar levemente a termorregulação, existem teorias que sugerem benefícios indiretos deste traço. Uma das principais hipóteses é que a calvície funcionava como um sinal visual de maturidade e experiência, onde em algumas culturas, homens calvos eram vistos como mais experientes e sábios, características valorizadas na seleção sexual.
Outra teoria interessante sugere que a calvície poderia estar ligada a níveis mais altos de testosterona, o que em contextos ancestrais poderia indicar virilidade e capacidade de proteção, mesmo que isso significasse uma vida reprodutiva mais curta. Essa associação pode ter se mantido na população, já que homens com mais sensibilidade à testosterona são mais propensos à calvície, mas poderiam ter tido vantagens reprodutivas em certos contextos.