Uma floresta congelada no tempo

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Uma floresta congelada no tempo

Em 2018, a cientista Tammy Mottin estudava rochas para investigar o período pós-glacial do Paleozoico quando fez uma descoberta fascinante no município de Ortigueira, no Paraná. Uma floresta inteira, ainda de pé, em posição vertical dentro da rocha. Um sítio paleontológico com 164 árvores fossilizadas da linhagem das licófitas. Como ela afirmou: "congelada no tempo, da exata maneira como existia”!

As árvores encontradas viveram há cerca de 290 milhões de anos, no período Permiano, e faziam parte de uma floresta costeira banhada por um rio e perto do mar, como os atuais manguezais, no litoral do supercontinente Gondwana. Florestas fósseis preservadas em posição de vida (com troncos verticais) são raras. Nas terras atuais do paleocontinente Gondwana, só são conhecidas duas outras florestas verticais de licófitas preservadas: na Patagônia argentina e no estado brasileiro do Rio Grande do Sul.

As licófitas foram algumas das primeiras plantas vasculares do planeta, ou seja, que possuem vasos condutores de seiva. Elas surgiram há mais de 400 milhões de anos e incluem espécies extintas que podiam alcançar 40 metros de altura, embora as espécies atuais sejam plantas pequenas. Essas plantas marcaram um passo importante na evolução, pois o desenvolvimento dos tecidos condutores permitiu o crescimento vertical e a ocupação definitiva do ambiente terrestre.

Os fósseis foram formados a partir de uma inundação fluvial, que depositou grandes quantidades de sedimentos, como areia e argila. Esses sedimentos foram cobrindo as árvores gradualmente, causando asfixia e compressão das raízes. O soterramento prosseguiu até deixar apenas a parte superior das árvores exposta. Em seguida, a água removeu o interior desses caules, deixando as cascas das árvores ocas, que acabaram sendo preenchidas pelos sedimentos, enterrando completamente a floresta.

Este sítio paleontológico excepcional permitiu a descrição de valiosas informações sobre a evolução e os ecossistemas da época, como adaptações morfológicas do sistema de raízes para o solo pouco consolidado e a densidade e a distribuição espacial das árvores na floresta.