A Cratoavis
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A Cratoavis
Cratoavis cearensis foi uma pequena ave que viveu no nordeste do Brasil durante o Cretáceo. Pertence ao grupo mais diverso e abundante de aves do Mesozoico, as enantiornites. Embora a aparência lembre muito a de um “passarinho”, a Cratoavis tinha dentes no bico, garras nos dedos das asas, uma longa cauda com apenas duas penas e um esqueleto com várias semelhanças com os dinossauros, o que evidencia a posição das aves entre eles. É uma das aves mais antigas conhecidas para o Brasil e para a América do Sul.
Embora curiosa, a presença de dentes no bico é a condição ancestral de todas as aves. Posteriormente, na evolução das aves modernas, elas acabaram perdendo esses dentes. A Cratoavis possuía olhos grandes, bico curto, dedos dos pés alongados e um par de penas da cauda bastante longas, que tinham listras escuras no primeiro terço de seu comprimento. Tinha o tamanho de um beija-flor e viveu em um ambiente quente e seco, uma vez que a América do Sul estava ligada à África e a região situava-se longe do litoral.
Descrita em 2015, seu nome faz referência à Formação Crato, uma sequência sedimentar na Bacia do Araripe, onde foi descoberta. O único espécime conhecido é um esqueleto excepcionalmente bem preservado, contendo ossos, muitos deles ainda articulados, além de tecidos moles, fibras musculares e penas associadas às asas, à cauda e cobrindo todo o corpo.
As duas longas penas da cauda estão tão bem preservadas que mostram vestígios de pigmentação na sua porção anterior, sugerindo função ornamental. O formato peculiar dessas penas e as evidências de coloração indicam que elas poderiam desempenhar papéis na atração sexual e reconhecimento específico. A Cratoavis provavelmente caçava pequenos animais como insetos e outros invertebrados, podendo ainda atuar como dispersores de sementes.
A Cratoavis foi encontrada no nordeste do Brasil, em Nova Olinda, no estado do Ceará. Viveu há aproximadamente 119 a 113 milhões de anos, durante o período Cretáceo. A formação onde ela foi encontrada é famosa por sua preservação excepcional de fósseis, incluindo dinossauros, pterossauros, insetos e plantas.