Anora: casamento, família e evolução
Inspirado no filme Anora
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Anora: casamento, família e evolução
Inspirado no filme Anora
O filme Anora conta a história de uma trabalhadora sexual em Nova York que conhece Ivan, filho de um rico oligarca russo. Logo, os dois se casam impulsivamente. Só faltou combinar com a família dele, que assim que fica sabendo, desaprova completamente a história e faz de tudo para anular o casamento. Afinal, por que a família pode atrapalhar tanto a vida de seus filhos? Estaria a evolução por trás disso?
O casamento de Anora e Ivan reflete padrões evolutivos: mesmo atos impulsivos podem ser guiados por instintos moldados por milênios. Para ele, Anora representa uma parceira jovem, sinal de saúde e fertilidade, que lhe poderia dar uma boa prole. Já para ela, Ivan é um parceiro com recursos, que pode garantir elevada posição social e aumentar as chances de sobrevivência e sucesso de sua prole. Ambos os comportamentos são bastante frequentes em variadas espécies animais.
A rejeição da família dele também espelha mecanismos ancestrais de preservação de recursos e hierarquia, que influenciam no sucesso reprodutivo da família como um todo. Pais podem rejeitar as escolhas dos filhos por entender que o parceiro escolhido é ruim do ponto de vista adaptativo, sugerindo assim, baixo sucesso reprodutivo do filho, e por consequência de seus próprios netos.
Mas para os pais, importa não apenas que os parceiros reprodutivos de seus filhos tenham saúde e bons genes. Há de fato um conflito evolutivo entre pais e filhos. Para os pais, é essencial que as escolhas de parceiros dos filhos não ameacem os recursos da família, as alianças sociais, a coesão do grupo e seu status social, o que poderia prejudicar o sucesso reprodutivo de outros membros da família.
O dilema de Anora e Ivan revela a tensão entre emoção e estratégia. Nosso cérebro evoluiu de modo a equilibrar paixão e pragmatismo — em sociedades complexas, amor e status estão entrelaçados, assim como na natureza. Aqui, nós humanos seguimos padrões observados em outros animais sociais, que oscilam entre manter laços (para proteção mútua) e buscar novos parceiros (para diversidade genética).